quinta-feira, 19 de julho de 2012

Educação, Estado e a personificação do caos

por Eliane Ferreira dos Santos

A Educação, como posta hoje, especialmente em maior grau no ensino público, assume em boa parte uma estrutura que não contribui com a crítica aos modelos econômicos vigentes ou mesmo com a construção da cidadania, o que, no limite, é o objetivo primeiro da Educação/Escola dentro de um universo democrático.

A falta de capacidade das escolas em competir com a mídia de massa quando se trata de conscientizar o indivíduo, faz com que tenhamos comportamentos muito mais próximos da ideia de construção de um indivíduo adequado ao consumismo do que da ideia de sujeitos transformadores da realidade.

Diante dessa falha, ou desse distanciamento de propostos e objetivos, os fracassos escolares recaem, em muitas vezes, na figura do professor, determinando uma perspectiva individualizada do problema.

No Brasil, desde o Descobrimento, a prática de personificar a culpa de fracassos políticos, econômicos e sociais se faz presente em todo momento. A Coroa portuguesa tendia a culpar os índios pela promiscuidade que se encontrava a Colônia, mais tarde, a mesma Coroa portuguesa insistiu por séculos na ideia de que o escravo africano era o responsável pelas quedas de produtividade nas lavouras, primeiro de cana e mais tarde de café. Já no século XIX, a Monarquia brasileira, filha da Cora portuguesa, sustentou de forma maquiavélica a necessidade de promover a imigração europeia no fato de que o negro cativo não era “hábil” na lida agroexportadora. Mais adiante, já no período Republicano, os operários eram os culpados pela má organização da industrial nacional, pois estavam, segundo o Estado, “mais preocupados com os sindicatos do que com as máquinas”. Nos períodos mais próximos do nosso cotidiano, vimos recaírem culpas sobre a esquerda e, agora, parece que o alvo escolhido para atribuir a falência da Educação no Brasil é o professor.

Essa tendência de personificar culpa vem de cima para baixo, ou seja, vem do governo para os governados e, esses últimos, tendem a aceitá-la sem questionamentos e sem análises mais coerentes. O Estado brasileiro sempre foi tão convicto de que as pessoas são culpadas por tudo, que projetou o Exército para ter o povo como inimigo. Tirando a Guerra da Tríplice Fronteira, na segunda metade do século XIX e a Segunda Guerra Mundial em meados do século XX, o Exército sempre atuou contra o povo, contendo-o, torturando-o, censurando-o, vigiando-o. Ainda sim, nos dois momentos citados, o Exército não esteve a serviço da população nas empreitadas militares, mas sim na defesa de interesses político-econômicos de outras nações; nos casos citados, a Inglaterra e os EUA respectivamente.

Conclui-se, portanto, que o inimigo do Exército Brasileiro é o povo e, entendo que o Exército é parte do Governo, logo é o Governo que vê o povo como ameaça aos seus interesses, práticas e poderes.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Gestão democrática da Educação

“Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo. Os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Paulo Freire


Os artigos 14 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e 22 do Plano Nacional de Educação (PNE) indicam que os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolares e locais em conselhos escolares. Devemos enfatizar então que a democracia na escola por si só não tem significado. Ela só faz sentido se estiver vinculada a uma percepção de democratização da sociedade.
Na Gestão democrática deve haver compreensão da administração escolar como atividade meio e reunião de esforços coletivos para o implemento dos fins da educação, assim como a compreensão e aceitação do princípio de que a educação é um processo de emancipação humana; que o Plano Político pedagógico (PPP) deve ser elaborado através de construção coletiva e que além da formação deve haver o fortalecimento do Conselho Escolar.
A gestão democrática da educação está vinculada aos mecanismos legais e institucionais e à coordenação de atitudes que propõem a participação social: no planejamento e elaboração de políticas educacionais; na tomada de decisões; na escolha do uso de recursos e prioridades de aquisição; na execução das resoluções colegiadas; nos períodos de avaliação da escola e da política educacional. Com a aplicação da política da universalização do ensino deve-se estabelecer como prioridade educacional a democratização do ingresso e a permanência do aluno na escola, assim como a garantia da qualidade social da educação.
As atitudes, os conhecimentos, o desenvolvimento de habilidades e competências na formação do gestor da educação são tão importantes quanto a prática de ensino em sala de aula. No entanto, de nada valem estes atributos se o gestor não se preocupar com o processo de ensino/aprendizagem na sua escola. Os gestores devem também possuir habilidades para diagnosticar e propor soluções assertivas às causas geradoras de conflitos nas equipes de trabalho, ter habilidades e competências para a escolha de ferramentas e técnicas que possibilitem a melhor administração do tempo, promovendo ganhos de qualidade e melhorando a produtividade profissional. O Gestor deve estar ciente que a qualidade da escola é global, devido à interação dos indivíduos e grupos que influenciam o seu funcionamento. O gestor, que pratica a gestão com liderança deve buscar combinar os vários estilos como, por exemplo: estilo participativo que é uma liderança relacional que se caracteriza por uma dinâmica de relações recíprocas; estilo perceptivo/flexível que é uma liderança situacional que se caracteriza por responder a situações específicas;estilo participativo/negociador que é uma liderança consensual que se caracteriza por estar voltada a objetivos comuns, negociados; e estilo inovador: que é uma liderança prospectiva que se caracteriza por estar direcionada à oportunidade, isto é, à visão de futuro. O gestor deve saber integrar objetivo, ação e resultado, assim agrega à sua gestão colaboradores empreendedores, que procuram o bem comum de uma coletividade.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Boa notícia!

Efe

Clique aqui para acessar a matéria no Jornal "O Estado de São Paulo".


MADRI - Uma equipe de pesquisadores espanhóis criou um protótipo de vacina contra o HIV "muito mais potente" que os desenvolvidos até agora ao redor do mundo e que conseguiu uma resposta imune para 90% das pessoas sadias que foram expostas ao vírus.

A descoberta foi apresentada nesta quarta-feira, 28, em entrevista coletiva pelos responsáveis pela pesquisa, Mariano Esteban, do Centro Nacional de Biotecnologia do Conselho Superior de Pesquisas Científicas da Espanha (CSIC); Felipe García, do Hospital Clínic de Barcelona, e Juan Carlos López Bernaldo de Quirós, do Hospital Gregorio Marañón de Madri.

Após manifestarem uma grande eficácia em ratos e macacos, os testes começaram a ser aplicados em seres humanos há cerca de um ano. Nesta primeira fase, a vacina foi aplicada em 30 pessoas sadias, escolhidas entre 370 voluntários.

Durante o teste, seis pessoas receberam placebo e 24 a vacina. Estas últimas apresentaram "poucos" e "leves" efeitos secundários (cefaleias, dor na zona da injeção e mal-estar geral). Por isso, é possível afirmar que "a vacina é segura para continuar com o desenvolvimento clínico do produto", ressaltou Quirós.

Em 95% dos pacientes, a vacina gerou defesa (normalmente atinge 25%) e, enquanto outras vacinas estimulam células ou anticorpos, este novo protótipo "conseguiu estimular ambos", destacou Felipe García. Para completar, em 85% dos pacientes as defesas geradas se mantiveram durante pelo menos um ano, "que neste campo significa bastante tempo", acrescentou.

Na próxima etapa, os pesquisadores realizarão um novo teste clínico, desta vez com voluntários infectados pelo HIV. O objetivo é saber se o composto, além de prevenir, pode servir para tratar a doença.

"Já provamos que a vacina pode ser preventiva. Em outubro, vacinaremos pessoas infectadas com HIV para ver se serve para curar. Geralmente, os tratamentos antirretrovirais (combinação de três remédios) devem ser tomados rigorosamente, algo insustentável em lugares tão afetados pela Aids como a África", apontou García.

O protótipo da vacina, batizado como MVA-B, recebe o nome do vírus Vaccinia Modificado Ankara (MVA, na sigla em inglês), um vírus atenuado que serve como modelo na pesquisa de múltiplas vacinas

Até agora, o único teste de vacina contra o HIV que chegou à terceira fase foi realizado na Tailândia. As duas primeiras fases testam a toxicidade do composto e sua eficácia, enquanto a terceira e a quarta examinam a posologia do remédio.

O protótipo da vacina, patenteado pelo CSIC espanhol, está sendo elaborado para combater o subtipo B do vírus da Aids, de maior prevalência na Europa, Estados Unidos, América Central e do Sul, além do Caribe. Na África e Ásia, o vírus mais comum é o subtipo C.