domingo, 25 de janeiro de 2009

O império da futilidade

Ser fútil é uma escolha individual ou uma condição social? Até que ponto o indivíduo escolhe em querer ser um elemento ativo no meio em que vive ou ser mais um "zumbi" consumista, teleguiado pelo capitalismo neoliberal.
Algumas condições estão postas; A primeira delas é o fato de que a escola pública carece de condições materiais para oferecer uma Educação de qualidade. Essas condições materiais vão desde melhores ambientes para alunos e professores, passando por melhores salários e infra-estruturas adequadas ao século XXI até redução de alunos por sala de aula. Ainda que essas condições sejam extremamente desfavoráveis, muitos alunos e professores conseguem desenvolver seus objetivos. Prova disso são os índices de aprovação em universidades públicas de alunos que vem do ensino público, segundo dados oficiais do MEC. Não podemos culpar somente a estrutura educacional pela falta de interesse dos alunos. Algo os faz virar as costas para o conhecimento e voltarem-se para a futilidade e para a confortabilidade de deixar com que a mídia neoliberal pense e determine suas ações, seus gostos, seus pensamentos, suas vontades e desejos. O "MSN", "ORKUT", o "BLACK" e o "FUNK" parecem determinar um estilo de comportamento que distancia os indivíduos do interesse pelo conhecimento. O pior é que a mídia neoliberal, a qual tem por missão transformar todo mundo em potencial consumidor, distorce a essência desses elementos sociais. O "MSN" era para facilitar a comunicação pessoal e profissional e não para impôr uma forma bizarra de escrita, a qual limita o vocabulário e, por conseqüênte a capacidade do indivíduo de analisar e se relacionar com o meio em que se insere. O "ORKUT" deveria ser utilizado para aproximar pessoas e para ser uma importante ferremente de informação, prestação de serviço e socialização, mas acabou se tornando um grande fórum de fofocas, pornografias, baixarias, preconceitos e por ai vai. Ainda bem que a generalização é tola e aqui não vou cometer esse erro, pois há de encontrarmos páginas no "ORKUT" que valem à pena serem exploradas. Ainda sim, infelizmente, o "ORKUT" é, no limite, pelo menos no Brasil, um espaço para a proliferação de uma forma de escrita deturpadora da Língua portuguesa e limitadora da capacidade cognitiva do ser humano.
Finalizando, é muito engraçado ver um bando de pessoas que "amam" a "BLACK MUSIC" mas que odeiam a "MÚSICA NEGRA". Basta perguntar para os fãs do Snoop Dog e do 50 Cent se eles gostam de Milton Nascimento, de Gilberto Gil ou de Seu Jorge. É lamentável constatar isso e, pior ainda, é falar em "BLACK MUSIC" sem sequer saber quem foi Ray Charles ou James Brow.
Com relação ao "FUNK", ocorre um fenômeno pior ainda. Alguém na mídia determinou que um monte de baixarias se denominasse "FUNK" e as pessoas menos cautas acreditaram e absorveram a idéia como verdade absoluta. "FUNK" no Brasil tem a ver com Jorge Benjor, Fernanda Abreu, Fausto Fawcett, Edi Motta e outros mais. Desse "FUNK PANCADÃO" que a mídia neoliberal criou, nada é aproveitável. Só se observa apologia ao crime, às drogas e a violência, sem falar no machismo, o qual, lamentavelmente, é aceito dentro desse universo de alienação, preconceito e maldade. É pena que muitas mulheres respondam ao grito "SÓ AS CACHORRAS" declamado por uma dessas versões "funkeiras" que rodam por ai. Elas vão dizer: "mas é só uma música!". Na verdade, não é só uma música, mas sim, apologia declarada e direta ao machismo. Ao renponder essa frase (ou a esse cjamado), aceitando de forma descontraída, significa dizer que as mulheres se sentem mesmo "CACHORRAS" e gostam da maneira pela qual são tratadas. Acho que não é só uma música, mas sim um estilo de vida e uma forma de encarar as relações entre as pessoas, uma ideologia. Lamentavelmente muitas mulheres (muitas mesmo) aceitam o machismo dessas músicas e até dançam, como se celebrassem o machismo e a derrota daquelas que ainda buscam uma sociedade justa entre homens e mulheres.
Concordam que é uma questão de escolha? Portanto, "viva as CACHORRAS"!


Luiz Carlos Rodrigues é Historiador, Professor de Sociologia da Educação e Filosofia da Faculdade Aldeia de Carapicuíba e Professor de História da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.

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